Nos últimos dias saiu, em diversos meios de comunicações, uma notícia que uma nova pesquisa comprovou a ineficácia do medicamento. O Jornal Nacional também noticiou o fato.
Um exemplo (dentre vários): Covid-19: hidroxicloroquina não traz benefício no tratamento da doença
Dos 1.376 pacientes, 60% receberam hidroxicloroquina por cinco dias. O chefe do estudo, Neil Schluger, do Departamento de Pneumologia e Alergias de Columbia, afirmou que os pacientes que receberam hidroxicloroquina não apresentaram qualquer vantagem em relação aos pacientes que não tomaram a droga. “Não pensamos que seja razoável dar essa droga aos pacientes. Não há qualquer razão para fazer isso”, disse Schluger.
Fonte : https://saude.ig.com.br/2020-05-08/covid-19-hidroxicloroquina-nao-traz-beneficio-no-tratamento-da-doenca.html
Fui buscar o tal artigo para dar uma olhada, não sou profissional de saúde mas, mesmo em artigos científicos, existem conclusões que podem ser entendidas até por leigos como eu. As notícias não informam o link, mas não é muito difícil encontrar.
https://www.nejm.org/doi/full/10.1056/NEJMoa2012410
Após ler o resumo e a conclusão observei que :
(1) O artigo pegou apenas pessoas da emergência e em estado grave
(2) O medicamento foi administrado por 6 dias (1200 mg no primeiro dia e 400 mg em uma média de cinco dias) / Se não me engano (desculpem se estiver errado) essa dosagem fez foi matar gente em Manaus.
(3) A permanência do paciente na emergência foi de mais de 20 dias
(4) O artigo finaliza informando que faltam estudos complementares: um estudo clínico randomizado controlado
Segue um trecho:
Os pacientes tratados com hidroxicloroquina estavam mais gravemente doentes no início do que aqueles que não receberam hidroxicloroquina (razão mediana da pressão parcial de oxigênio arterial para a fração de oxigênio inspirado, 223 vs. 360). No geral, 346 pacientes (25,1%) tiveram um evento final primário (180 pacientes foram intubados, dos quais 66 morreram posteriormente e 166 morreram sem intubação). Na análise principal, não houve associação significativa entre uso de hidroxicloroquina e intubação ou morte (taxa de risco, 1,04, intervalo de confiança de 95%, 0,82 a 1,32). Os resultados foram semelhantes em análises de sensibilidade múltipla.
Neste estudo observacional envolvendo pacientes com Covid-19 admitidos no hospital, a administração de hidroxicloroquina não foi associada a um risco muito reduzido ou aumentado do ponto final composto de intubação ou morte. São necessários ensaios clínicos randomizados e controlados de hidroxicloroquina em pacientes com Covid-19. (Financiado pelos Institutos Nacionais de Saúde.)
Ou seja: o estudo (incompleto mas já aceito) concluiu que a Hidroxicloroquina é ineficaz em pacientes em estado grave.
Se não me engano, em São Paulo, a Prevent conduziu um estudo e concluiu que o uso da Hidroxicloroquina deve ser ministrado assim que surgirem os primeiros sintomas, já que a doença evolui rapidamente. Esse estudo sofreu críticas, na minha opinião, válidas : como saber se o paciente tinha COVID-19 ou não ? A Prevent não tinha certeza absoluta porque não fez um diagnóstico da doença na época da pesquisa.
Agora, se você leu até aqui, chegou no ponto que eu quero destacar: "Todos os meios de comunicação já condenaram o uso da Hidroxicloroquina, mas não informaram que o estudo revelou a ineficácia APENAS EM PACIENTES EM ESTADO GRAVE". Ou seja: já condenaram o medicamento sem uma conclusão quanto ao uso precoce.
Espero muito estar enganado no que vou afirmar: "desconfio que esse medicamento (hidroxicloroquina) está sendo evitado porque ele é muito barato e existem interesses dos grandes laboratórios em vender algum medicamento bem mais caro". Aqui no Brasil a coisa se agrava mais ainda porque a Hidroxicloroquina foi politizada. Conseguimos transformar um fato científico (que deve ser absoluto) em uma disputa entre direita e esquerda. Eu, sinceramente, estou perdido em meio a essa confusão toda, já não sei mais em quem confiar. Espero que todos nós passemos por essa tempestade sem perdermos nenhum ente querido.